Interview by Despina Dimotsi – EDIÇÃO 1, VERÃO 2025
Da Grécia para o mundo, Constantine e Niki viajam, mudando frequentemente de residência e trabalhando online. Através do Facebook e YouTube, compartilham momentos de seu cotidiano, bem como aspectos desconhecidos dos países onde vivem, aspectos que a maioria dos turistas não têm a oportunidade de descobrir.
Eles exploraram a América Latina e chegaram até a Patagônia. Até hoje, continuam nos fascinando com suas experiências.

DD: É realmente impressionante o que vocês conseguiram: trabalhar online enquanto exploram e vivem em destinos “difíceis”. Quando e como começou essa aventura?
HN: Até 2020 estávamos na Inglaterra. Nesse momento, Constantine conseguiu um trabalho no Rio de Janeiro e assinou um contrato de dois anos para trabalhar como professor de Matemática na Escola Britânica no Rio de Janeiro. Esses dois anos no Brasil nos ajudaram a descobrir que queríamos viajar permanentemente. Sempre que Constantine tinha férias na escola, explorávamos uma nova parte do país, o que nos levou a visitar um total de 13 estados. Descobrimos que viajar é uma paixão nossa e decidimos que Constantine deixaria o trabalho na escola para trabalhar exclusivamente online, assim teríamos a oportunidade de viajar permanentemente.
DD: Qual foi a primeira viagem internacional de vocês e a primeira como nômades digitais?
HN: Nossa primeira viagem juntos foi para a Bulgária para esquiar. A primeira viagem como nômades digitais foi para a Colômbia, onde ficamos por seis meses.
DD: Achamos incrível ver vocês mudando de lugar a cada três ou quatro dias. Não é cansativo? Não seria mais fácil ficar pelo menos um mês em cada lugar?
HN: Quando chegamos a um país, normalmente temos direito de ficar três meses. Se mudássemos de localização a cada mês, poderíamos ver apenas três lugares do país. No entanto, ao mudar a cada semana, temos a oportunidade de visitar 12 lugares. Claro que às vezes surgem imprevistos e, por isso, nossa média caiu para quatro dias por destino. Mesmo assim, não é algo que nos canse.
DD: Por que escolheram a América Latina e não outro continente, como a Ásia?
HN: Escolhemos a América Latina pelas seguintes razões:
• Razões econômicas: Tudo aqui tem um custo muito mais baixo do que nos países europeus, o que nos permite manter nosso estilo de vida atual gastando menos dinheiro do que quando vivíamos permanentemente na Inglaterra.
• Cultura: Queremos aprender como vivem diferentes povos ao redor do mundo. A América Latina é composta por muitos países com culturas distintas. Falamos português, espanhol e inglês, o que nos permite nos adaptar mais facilmente às condições dos países que visitamos e experimentar o estilo de vida de cada povo de maneira mais autêntica. No futuro, também queremos visitar vários países da América Central, África e Ásia.
• Beleza natural impressionante: Acreditamos que muitos países da América Latina têm uma vegetação tropical única, os majestosos Andes, lindas florestas e praias espetaculares. Os lugares costeiros que visitamos frequentemente combinam águas quentes e cristalinas com uma vegetação densa, algo que não se encontra na Europa. 🌴
• Pessoas amigáveis: As pessoas na América Latina são muito acolhedoras e respeitam as preferências de cada um. 👫
• Diferença de fuso horário: A maioria dos nossos clientes está na Inglaterra, que tem uma diferença de fuso horário de 3 a 5 horas em relação a nós. Assim, quando as crianças saem da escola na Inglaterra, aqui ainda é de manhã, o que nos permite trabalhar no período da manhã, em vez de à tarde/noite. ⏰
• Clima: É verão o ano todo. ☀ Para nós, é muito importante ter sol todos os dias e temperaturas ideais.

DD: Algumas das minhas dúvidas são: como vocês se deslocam na maior parte do tempo e quantos idiomas falam?
HN: Geralmente, nos deslocamos de ônibus. Falamos quatro idiomas: grego, inglês, português e espanhol. Atualmente, estamos aprendendo francês.
DD: Quais foram as experiências mais extremas que viveram?
HN: • Na Colômbia, testemunhamos um assalto a mão armada em um restaurante.
• Perdemos nosso drone em uma favela no Rio de Janeiro e toda a comunidade se mobilizou para nos ajudar a encontrá-lo. No final, nos devolveram o drone são e salvo.
• Nos banhamos em lagos congelados na Patagônia.
• Conversamos com uma pessoa que tinha uma arma automática e um papagaio posado nela, que até acariciamos.
• Dormimos em uma praia sem equipamento durante a noite e acordamos de madrugada tremendo de frio. Lembro que Constantine colocou um pé dentro do estojo de guitarra para se aquecer.
DD: O que os gregos que encontram nos lugares que visitam dizem?
HN: Nos cumprimentam, dizem que nos conhecem e nos enchem de elogios e boa energia.
DD: Quero que cada um de vocês me diga qual foi o país favorito até agora e qual o menos favorito, e por quê.
HN: • Nosso país favorito, para ambos, é o Brasil. Tem uma beleza natural incrível e as pessoas sabem aproveitar a vida.
• Nosso país menos favorito é os Países Baixos, devido ao clima.
DD: Continuarão com esse estilo de vida até se cansarem ou até terem explorado cada canto do continente?
HN: Não temos planos de deixar nosso estilo de vida nômade e não conseguimos imaginar nos cansando de explorar no futuro. No entanto, se pararmos de gostar de viajar, deixaremos de fazê-lo. Não temos um objetivo específico em relação ao número de lugares que queremos descobrir, mas neste momento pensamos que quanto mais, melhor.